domingo, 19 de dezembro de 2010

Férias!

Quero mais é me divertir nas areias dos teus olhos ressecados;
Quero me embriagar de alegria;
Quero sentir o aroma suave do meu cobertor;
Quero me embalar nas canções dantes não ouvidas;
Quero voar nas asas deste novo amor
E me saborear nas páginas de um tal Bolaño,
Porque a desejada de muitos chegou!

domingo, 24 de outubro de 2010

Feirante - (João Alexandre): Uma análise.





Feirante

João Alexandre

Arruma a cangalha na cacunda que a rapadura é doce mas não é mole não
E genipapo no balaio pesa,
Anda, aperta o passo pra chegar ligeiro,
Farinha boa se molhar não presta
Olha lá na curva a chuva no lagedo

Quem foi que te disse que a vida é um mar de rosas?
Rosas têm espinhos, e pedras no caminho
Daqui até a cidade é pra mais de tantas léguas
Firma o passo, segue em frente,
Que essa luta não tem trégua
Fica na beira da estrada quem o fardo não carrega
A granel felicidade não custeia o lavrador
Vamos embora que a jornada é muito longa
E não há mais tempo de chorar por mais ninguém
Lá na feira a gente compra, a gente vende,
A gente pede, até barganha aquilo que comprou
E te prometo que depois no fim de tudo na Quitanda da Esperança
Eu te compro um sonho de açucar mascavo embrulhado num papel de seda azul

Pra te consolar

Essa música do poeta João Alexandre é linda. numa análise superficial, logo percebemos que ela se trata de um compêndio de diversos ditados populares conhecidos de Norte a Sul do nosso Brasil. Ao retratar o cotidiano de uma feira, algo bem típico de nossa cultura, na qual as imagens vão se formando ao desenrolar de nossa leitura, ele, João Alexandre, nos conta uma história, que vai muito mais além.
O que é essa "feira" senão nossa vida?
Nossa vida é assim. Numa hora, rosas, Noutra espinhos e pedras. Mas é atraves desses percaussos que contruimos nossa identidade. Alguns, que pena, no meio do caminho estacionam e não acham mais forças para continuar. São consumidos por algumas barganhas.
Porém olham para trás e vê todo caminho já percorrido, e ganham forças para continuar , seguem em frente, sabendo que a jornada é longa, mas dá para suportar. E é para esses que suportam, que vão até o fim, que aparecem uma "quitanda" onde vende um sonho, não um sonho qualquer, mas um sonho de açúcar mascavo.
Quem sabe toda essa jornada entre rosas e espinhos seja o caminho, para alcançar a coroa da vida, e que essa coroa seja esse "sonho embrulhado no papel de seda azul" e a "quitanda da esperança" seja o céu onde um dia nos encontraremos.
Então mantém teu passo firme, segue em frente , por que a "quitanda" pode está bem ali...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

RECORTES

Ultimamente me sinto assim. Não caibo dentro de mim.
Certo que nunca consegui me entregar a desorienteção. Mas agora está demais.
Culpo aquele sorriso no canto dos lábios dos amantes.
Culpo você. Sim você que tenta me culpar.
Que facilidade é essa?
E a mim que dificuldade é essa?
Não sei o que pensar.
Tá tudo desorientado.
Por quê você me deixa e some?
A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca.
Não tente me provocar.
Não tente me encurralar, por que eu grito.
Não dá mais. Me permita ir. Voar... Voar... Voar na retidão mais reta da minha reta.
O meu peito pesa como um chumbo, dilacerando a garganta.
Minha garganta estranha, quando não te vejo me vem um desejo louco de gritar.
Porque há o direito ao grito.
Então eu grito:
Somos serra e litoral. Nosso final é simples: tchau!

sábado, 25 de setembro de 2010

Amici, ad qui venisti?

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Na trajetória de minha vida, muitas pessoas conheci. Algumas se foram. Outras foram, mas permaneceram. Outras permanecem e já se vão e outras ficarão, quando eu me for.
De todas tenho recordações mil.
Lembro de tudo que me ensinaram. Bem, tudo o que quis aprender!
Lembro dos que asseguram comigo: Deus existe, sim! Lembro dos que se opõem.
Lembro dos passeios pela tarde.
Lembro das risadas inconsequentes, das brigas, debates calorosos, das olhadelas intimidadoras e das que anunciavam perigo!
Lembro dos papos cabeças, literários, insubordinados, metalinguísticos, futuristas.
Lembro dos choros, frustrações, saudades, melancolia, agonia, tristezas!
Não esqueço as carícias, os abraços, os beijos.
Não esqueço dos beliscões, das vezes que puxei o cabelo de seu antebraço.
E quando aprendi que política é muito mais que ideologia, que Saramago não é só ateu, que dois e dois pode não ser quatro e nem vinte dois, que cada um vai ser cobrado de acordo com a sua luz, e que o mundo, segundo os Incas vai acabar em 2012. 
E das vezes que me trouxeram problemas de lógicas para que resolvesse, das explicações do que seria RPG e da tentativa de me fazer decorar uma relação de marcas famosas. Não me esquecerei jamais.
E o que falar então dos que me ensinaram a demonstrar mais amor, mais carinho, emoção, sensibilidade, (e parecer uma menina).
E os que me disseram: Vanessa, você não dá pra ser  boazinha o tempo todo.
Eu sei que você não é uma pessoa excludente, mas seja mais firme. Nada dessa cara de choro. 
Lembro aos quais disse: pare de fumar, beber, cuidado! Não faça o que eu não faria!
E dos que responderam: tá bom, segunda eu viro monge.
Me lembro das caronas com emoção e das sem também. 
Das viagens, o que falar então?
Dos encontros?
Do cursinho, das risadas no ônibus?
E logo lembro-me das frases de efeito e apelidos carinhosos: Boa noite, Maria Isabel; tô me contorcendo de fome; pode me chamar de loca, de obcecada, mas eu só descanso quando achar Lindalva; dá a egípcia; dar a elza; nharã, senta lá Cláudia; a vítima sou eu; eita, eu queria; meu preferido; Nessinha, Nessa, Banessita, Banessa, Smilinguido, Juvarái, Tinha, Nega jú, Nega, Maga.
E ao descrever toda relação, uma coisa me vem à cabeça: eu sou  pedaços de tudo isso. Todas essa referências modelaram um ser que hoje escreve isto. 
Cada item desse é uma parte do todo em que me transformo todos os dias. 

sábado, 11 de setembro de 2010

Caim: Saramago com muita coisa para pensar...


Caim, livro escrito por José Saramago, escritor português que acaba de ir para ao lado sobrenatural da vida, é um passeio pelo velho testamento do personagem, de mesmo nome do livro.
Meu olhar crítico não pode negar a grandiosidade do escritor, que com maestria conduziu a pena, e então, a obra se fez. Cada capítulo do livro é, distintamente, fascinante. Escrito num estilo próprio, Caim é uma proposta de mostrar acontecimentos do Velho Testamento sob a ótica de seu personagem principal.
Repleto de diálogos, insultos, de Caim com o Senhor, Saramago passa o livro todo tentando provar, com cada situação vivenciada por Caim, que Deus é, na verdade, maligno, mesquinho, egoísta e que as pessoas que o amam, estão apenas perdendo seu tempo, pois ele não retribui.
O livro possui um tipo de descrição que leva o leitor a uma visualização minuciosa dos acontecimentos vivenciados por Caim. Assim, e por isso, o livro de narrativa curta, é considerado uma excelente obra pela crítica.
Agora, numa outra perspectiva, a de cristã que sou, o livro é um choque. Ler, algo como: "O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda (…)" é para deixar qualquer cristão com uma raivinha no coraçãozinho. Não nego que, mesmo me encantando, o livro também me causou repúdio; mesmo me dixando irritada algumas vezes, não conseguia parar de ler. Queria saber o final.
O livro, digo e repito, não conseguiu abalar minha fé e esperança de um dia ver Jesus/Deus como ele é. E para mim o livro não passa apenas de uma ficção refinada e maravilhosamente escrita.
Então fica a dica: indico a você, caro amigo leitor, leia-o. Tanto para ficar à par de mais uma obra literária muito boa, quanto para teres uma impressão própria do que foi dito aqui.

sábado, 21 de agosto de 2010

Política? Nem pensar!

Bem, meu engajamento na política começou com um empurrazinho e o espantoso é que eu estava numa ladeira. Queda inimaginável. Caí num embaraço, digo embaraço, pois está difícil de escapar. Acabei por me apaixonar por esse mundo de tentativas de mudanças e sonhos. Hoje, olho-me e percebo o quanto de mim mudou. Mudaram algumas concepções, algumas crenças, e meu olhar a respeito da política, mas não minha vontade de mudar de alguma forma o cenário político do meu país.
E sabendo disso, semana passada, minha mãe me disse: sabe quem está candidata a Deputada Federal pelo estado de Pernambuco? Eu: não. Ela: Shirley Carvalhaes. Caí em gargalhadas.
Como assim?!
Não sorri pelo fato de ser ela uma cantora evangélica reconhecida internacionalmente e agora querer se meter na vida política. Sorri por que não lembro do nome dela em nenhuma melhoria para o nosso estado, sorri por que ela nunca foi dada a essas políticas todas, sorri por que nem pernambucana ela é, sorri por que nem aqui ela mora, em fim, sorri por que senão choraria.
Não desmereço sua atuação no meio evangélico, até por que não acompanho seu trabalho, mas desmereço a sua falta de comprometimento em realação aos seus possíveis eleitores pernambucanos. Descomprometimento esse que começou antes das eleições; no site do TRE não há, por exemlpo, a declaração de seus bens (será que ela não tem nenhunzinho?) Cito também o que aconteceu em Maracanaú-CE, no qual alguns cidadãos insatisfeitos protestaram alegando corrupção por parte do prefeito da cidade de Maracanaú e da cantora.
O que me deixa mais preocupada é o marketing que a cantora conseguiu na dita cidade: Cantora dos bodes e cabras do Nabucodonozor ( rssrs). Ai meu Deus! Meu coração gela só de pensar! E volto a repetir: NÃO sou contra a evangélicos se candidatarem, até por que somos cidadãos e consequentemente participantes da cidadania, sou contra aos que começam de maneira errônea.
Espero, então, sinceramente que a cantora se volte para o seu trabalho artístico e começe a empreender um DVD, acho isso muito mais apreciável do que ela querer entrar na política, causando esse estardalhaço todo. Espero também que os meus amigos leitores se sensibilizaem e escolham um governante que pode representar uma melhora na qualidade de vida. E deixo a dica:

"O voto deve ser valorizado e ocorrer de forma consciente. Devemos votar em políticos com um passado limpo e com propostas voltadas para a melhoria de vida da coletividade."

No mais continuarei a fazer minha parte fiscalizando e torcendo para dizer na "NOSSA CANÇÃO" final : HÁ UMA SAÍDA.

domingo, 15 de agosto de 2010

Será mesmo nesessário?

Será mesmo necessário?

Contam que no mais alto pico do Tibete vive o mais sábio homem do mundo...

Certa vez um rapaz foi à sua procura para descobrir o caminho do coração de uma certa mulher.

Chegando ao topo da montanha, na beira de um grande penhasco, encontrou o sábio e

perguntou-lhe:

- Mestre dos Mestres! Qual o caminho mais curto e seguro para o coração de uma mulher?

O mestre respondeu-lhe:

- Não há caminho seguro para o coração de uma mulher, filho.

Só trilhas à beira de penhascos e caminhos sem mapas ou bússolas, cheio de pedras e ladeado por serpentes venenosas...

- Mas, então, Mestre... O que devo fazer para conquistar o coração da minha amada?

Então disse-lhe, o grande guru:

- Oh, aplicado discípulo. Guarde bem os ensinamentos que agora direi...

Siga-os atentamente sem errar e você terá o que procura:

Não resolva tudo com ignorância;

Não cuspa no chão;

Escove os dentes;

Não coçe o saco na frente dela;

Não arrote alto. Aliás, não arrote;

Lave as mãos quando sair do banheiro.

Dê flores e muitos... muitos presentes. Aliás, só dê presentes caros;

Não mastigue de boca aberta;

Corte e limpe as unhas. Não coma as unhas;

Não peide sob o cobertor. Aliás, não peide.

Levante a tampa do vaso antes de mijar. E lembre-se de abaixá-la depois;

Deixe ela ter ciúme de você o quanto ela quiser, ela pode;

Use desodorante (que preste);

Não palite os dentes em público;

Dê descarga depois de sair da privada;

Não fale palavrão;

Não seja engraçadinho com os outros;

Não fale mal da mãe dela. Aliás, ame a mãe dela;

Ria sempre das piadas dela;

Não tenha ciúme dela;

Não molhe o banheiro, nem a casa e nem deixe a toalha jogada;

Não fique barrigudo. Aliás, não engorde;

Não demore no banho;

Não sente à mesa sem camisa;

Não chegue tarde em casa. Aliás, só saia para trabalhar e volte correndo;

Não beba até tarde com amigos. Aliás, não tenha amigos e nem pense em arrumar amigas;

Não seja pão-duro, e use pelo menos dois cartões de crédito;

Não diga que mulher não sabe dirigir (guarde essa verdade para você);

Não tenha chulé;

Não olhe para outras mulheres. Aliás, não existem outras mulheres;

Aprenda a cozinhar;

Diga "Eu te amo" pelo menos 24 vezes por dia;

Lave a louça;

Arrume a cama, sempre;

Ligue para ela, de qualquer lugar;

Não fale de sua ex-namorada. Aliás, você nem teve uma antes dela;

Não comente suas experiências sexuais. Aliás, você era virgem, lembra?

Deixe ela comprar roupas e sapatos sempre que ela quiser. Aliás, ajude-a a andar durante horas procurando uma roupa nova;

Deixe ela conversar durante horas ao telefone;

Nunca a convide para transar, só para fazer amor. Faça isso com moderação e cuidado redobrado;

Não ronque;

Não goste de futebol;

Faça a barba todos os dias para não arranhá- la;

Discuta sempre o relacionamento, mesmo que não tenha o que discutir;

Apaixone-se pelos parentes dela, até os chatos;

Nunca reclame de nada;

Trabalhe pouco e ganhe muito dinheiro, para poder dá-lo todo para ela;

Passe os finais-de-semana em casa, com a sogra e cunhado. E ria sempre das piadas dele;

Diga a todo momento que ela é a mulher mais linda que você já viu;

Elogie sempre quando ela colocar uma roupa, mesmo que seja a de todo dia;

Repare quando ela cortar o cabelo, mesmo que seja apenas as pontinhas e diga sempre

que ficou lindo...

E o mais importante, meu filho...

Filho...espere... volte aqui... NÃO PULE...!!!


Toda vez que leio este texto caio em gargalhadas e me pergunto: será mesmo necessário tudo isso??

Hoje, como dia do solteiro, imaginei a possibilidade de isso ser verdade, e percebo que a cada nova exigência, nós mulheres dificultamos algo que já é bastante difícil: uma relação a dois.

Deixo para os mais entendidos sobre mulheres comentar a respeito. A palavra está aberta.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A desconstrução do Caráter

Sempre empurro garganta abaixo notificações da minha vida no leitor, eis aqui mais uma: sou apaixonada por música. A música cria em mim, leitores, um poderoso paradoxo barroco: ao mesmo tempo em que me traz paz, ela me traz guerra.
A saber, o meu estilo musical é bastante diversificado e que entre os meus queridinhos estão: Sergio Lopes, João Alexandre, Fruto sagrado, Jaci Velasquez, Alex Campos et all, hoje postarei uma inferência (minha, é claro) de uma música que sempre que escuto me sensibiliza a pensar a que pé está a involução humana e no tanto que ainda temos que aprender. A música em questão é do Fruto Sagrado e é interpretada por Marcão (Fruto Sagrado) e João Alexandre.

O Sangue de Abel

Perdoa-nos, ó Deus! Somos muitos e muitos e muitos
Semeando mais o mal do que o bem
Perdoa-nos, ó Deus! Pois o mal que semeamos
Tem se virado implacavelmente contra nós
Perdoa o sangue derramado
Sobre a terra desde Abel

Perdoa-nos, ó Deus!
Perdoa-nos... perdão.
Perdoa-nos, oh, Deus! Somos muitos e muitos e muitos
Semeando mais o mal do que o bem
Perdoa-nos, oh, Deus! Pois o mal que semeamos
Tem se virado implacavelmente contra nós

Perdoa-nos, ó Deus!
Perdoa-nos... perdão.

Perdoa o sangue derramado
Sobre a terra desde Abel
Junte, ó Deus, nossos ossos secos
Sopra a vida mais uma vez

Perdoa-nos, ó Deus!
Perdoa-nos... perdão.

Nos perdoe, ó Deus
Pelo imperialismo, o nazismo, o comunismo,
O capital selvagem, impiedoso, inescrupuloso
A escravidão... a religião...
Sempre querendo te domesticar
Te encaixotar, te fazer de empregadinho
Perdão, por tanto fariseu se dizendo filho teu
Que não convenceu, que só dividiu
Levando muita gente boa pro covil
Nos perdoe, ó Deus, pelo terrorismo
O holocausto, a pornografia, a pedofilia
A mentira! O dinheiro mal adquirido e mal repartido
A discriminação racial, social, irracional...
Nos perdoe, ó Deus!



“Quem semeia a maldade colhe a desgraça e será castigado pelo próprio ódio” sábias palavras de Salomão. Eis o problema da humanidade: na maioria das vezes ela quer se esquivar na hora de colher o que plantou. A humanidade vive numa era de incertezas, na qual fazer o mal parece ser melhor e mais bem sucedido do que fazer o bem; admitir o erro parece causar comixões tão terríveis quanto a praga dos piolhos; e reconhecer o perdão, então, nem pensar!
Desde que me entendo por gente o mundo é assim. E por que? Será não existir idealistas utópicos para tentar nos livrar dessa situação? E mais uma vez a resposta me vem: Pra fazer diferença, não basta ser diferente, tem-se é que viver essa diferença, por que discurso não muda a história e sim ação. Temos mesmo é que lembrar que fomos criados para darmos frutos, bons frutos, e que a mudança necessita, antes de tudo, de um reconhecimento do erro e como conseqüência do reconhecimento um pedido de perdão bem verdadeiro. Depois devemos reaprender a nos alegrar com os que cantam, chorar com os que choram, a repartir o pão. Aí sim, não andando mais pela contramão, poderemos apontar o caminho.
Fazendo isso enxergaremos que a vida, presente de Deus, é mais do que um fardo a carregar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Porque "separado" se escreve todo junto e "todo junto" se escreve separado?

O problema dessa questão é que não há problema algum. Essa confusão se dá na cabeça dos interessados meramente, por que a pergunta mescla ramos diversos da língua: a morfologia e a semântica. Lembrando que a morfologia se ocupa da estrutura e classificação das palavras e a semântica do estudo dos sentidos e das combinações das unidades linguísticas, sejam elas no nível da palavra, da frase ou do texto.
Assim numa análise morfológica e semântica, superficial:

"separado" uma palavra apenas; significa: afastado, desunido, o que não está junto.

"todo junto" duas palavras; significa: próximo, ligado, unido de maneira totalitária, na qual "todo" se apresenta como intensificador de quantidade.

Indo mais a fundo, podemos também nos utilizar da relação entre significante e significado, em que Saussure, o primeiro a estudar este assunto, afirma que:

-->
-->
"o signo é a união do sentido e da imagem acústica. O que ele chama de “sentido” é a mesma coisa que conceito ou idéia, isto é, a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situamos, representação essa condicionada pela formação sociocultural que nos cerca desde o berço. Em outras palavras, para Saussure, conceito é sinônimo de significado (plano das idéias), algo como o lado espiritual da palavra, sua contraparte inteligível, em oposição ao significante (plano da expressão), que é sua parte sensível. Por outro lado, a imagem acústica “não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão psíquica desse som”. Melhor dizendo, a imagem acústica é o significante. Com isso, temos que o signo lingüístico é “uma entidade psíquica de duas faces”, semelhante a uma moeda."

Com isto, é possível dizer que a pergunta que se faz envolvendo estas palavras ("separado"; "todo junto") é interessante somente por causa dos significados das palavras, pois se na pergunta fosse utilizada outras palavras "desunido" e "unido" no lugar de separado e "junto", respectivamente, não faria sentindo algum.
Assim, temos que não é a quantidade de palavra que determina a significação, e sim, relação entre o significante e o significado, seja ela constituída por uma palavra apenas como no caso de separado", ou numa combinação de palavras como em: "todo junto". E além de tudo isso ,lebremo-nos de que a língua é arbitrária. ( Bem lembrado Flank)

Ps: Voltaremos a essa questão, para maior reflexão.